Dircinha Batista – 100 anos

Dircinha Batista – 100 anos
Texto: Patrícia Rodrigues.     Foto: Revista Carioca

Dirce Grandino de Oliveira nasceu no dia 7 de abril de 1922. Seu pai, Baptista Júnior, era ventríloquo e humorista e foi o grande incentivador da “menina prodígio”. Aos seis anos, Dircinha já se apresentava como cantora ao lado pai, acompanhados ao violão por sua irmã Linda Baptista.

Gravou o primeiro disco aos 8 anos de idade, com duas composições de seu pai Baptista Junior: Borboleta Azul e Dircinha. Antes da gravação de Borboleta Azul, ela se apresenta: “Alô pessoal! Eu me chamo Dircinha de Oliveira, sou filha de Batista Júnior e tenho apenas oito anos. Este é o meu primeiro disco e espero que todos gostem de mim”.

Sucesso no rádio e no cinema

Em 1931, passou a participar do programa de Francisco Alves, na Rádio Cajuti. Era a grande atração, pois cativava a todos com seu talento mirim.

Em 1934, quando cantava na Rádio Mayrink Veiga, foi apelidada pelo locutor César Ladeira de “Bombonzinho”. Trabalhou ainda nas rádios Clube do Brasil, Tupi e Nacional.

A estreia da cantora no cinema aconteceu em 1935, no filme “Alô, alô Brasil”. Foi nessa época que adotou o nome artístico de Dircinha Baptista e assinou contrato com a RCA Victor onde gravou, “Meu sonho foi balão”, de Alberto Ribeiro e Hervê Cordovil e Meu Moreno, também de Hervê Cordovil.

A participação cinematográfica de Dircinha Baptista continuou em 1936, com o filme “Alô, alô Carnaval”, onde apareceu cantando duas composições de João de Barro e Alberto Ribeiro: “Muito riso, pouco siso” e “Pirata”.

https://youtu.be/VoNGHzcXQRo

O primeiro grande sucesso de Dircinha Baptista em disco a marcha “Periquitinho verde”. Benedito Lacerda havia convidado Dircinha para gravar o samba “Não chora”, de sua autoria e Darci de Oliveira. Mas era preciso uma música para o outro lado do disco. Antônio Nássara tinha apenas a primeira parte de uma marcha carnavalesca e ali mesmo fez a segunda parte. A música se transformou no grande sucesso do carnaval de 1938: “Periquitinho verde”.

Em 1940, Ary Barroso compôs para o carnaval a marcha “Upa! Upa!”, também conhecida como Canção do trolinho. Ary confiou a Dircinha o lançamento da música, que se transformou no primeiro grande sucesso da cantora na idade adulta. O êxito de “Upa! Upa!” foi tão marcante que a marcha teve dezenas de gravações pelos mais variados cantores por mais de quatro décadas.

No início da década de 40, Dircinha era uma das cantoras preferidas do então Presidente Getúlio Vargas. O governo brasileiro mantinha programas de rádio em países da América Latina para promover a venda do café brasileiro. Dentro dessa atividade, Dircinha iniciou sua carreira internacional excursionando à Argentina, onde cantou na Rádio Municipal e no Teatro Colón, de Buenos Aires. Na mesma época, participou do filme “Entra na farra”. Logo suas gravações se tornaram conhecidas em toda a América do Sul.

Rainha do Rádio

Ainda nos anos 40, Dircinha e Linda ficaram conhecidas com “As irmãs Baptista”. A popularidade das duas era tão grande que Dircinha foi eleita Rainha do Rádio em 1948, recebendo a faixa de sua irmã Linda Baptista, que havia sido eleita por onze anos consecutivos. A carreira vitoriosa de Dircinha continuou. Em 1952, lançou o samba-canção “Nunca”, de Lupicínio Rodrigues. Mais um sucesso da cantora que mereceu diversas regravações.

Em 1956, os compositores Jair Amorim e Dunga escreveram um samba-canção que teve grande sucesso na voz do jovem cantor Cauby Peixoto. A música foi gravada também, na mesma ocasião, por Dircinha Baptista. Onde também se pode observar a beleza da voz e a perfeita interpretação da cantora.

No início da década de 60, com a decadência da Era de ouro do rádio, Dircinha foi trabalhar na TV Tupi, onde foi repórter e animadora de programas. Continuou a carreira de cantora. Em 1971, ela e a irmã Linda Baptista, gravaram juntas a marcha-rancho “Oh, abre alas”, de Chiquinha Gonzaga, sendo esta a primeira vez que a música foi gravada por inteiro.

Após sua última gravação em 1972, afastou-se gradativamente da vida artística. Dircinha Baptista entrou em depressão profunda. Em 1978, uma equipe de TV foi ao apartamento das irmãs para gravar uma entrevista. Após uma espera de três horas, pois Dircinha se recusou a sair do quarto, os entrevistadores se retiraram. As irmãs saíram de cena por longo período, até serem encontradas e resgatadas pelo cantor José Ricardo, que passou a prestar assistência a elas. Após a morte das irmãs Odete e Linda, José Ricardo providenciou a internação de Dircinha na Casa de Saúde Doutor Eiras. Dircinha Batista faleceu em 18 de junho de 1999, no Hospital São Lucas, em Copacabana.

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