Retrato do Velho – A marcha carnavalesca que marcou a volta de Getúlio Vargas à Presidência da República

Por Patrícia Rodrigues

Com letras simples, fáceis de decorar e muito bom humor, algumas marchinhas de carnaval entraram para a história como verdadeiras crônicas da política e da sociedade. É esse o caso de “Retrato do Velho”.

Em 1930, após a deposição do então presidente Washington Luís, Getúlio Vargas assumiu a Presidência da República e governou o Brasil durante 15 anos.

Quando foi deposto em 1945, houve uma ordem oficial para que o retrato de Vargas fosse retirado de todas as repartições públicas.

Nas eleições de 1950, Getúlio Vargas voltou à Presidência da República, desta vez em um processo democrático e pelo voto popular. Nada mais justo, então, que o “velho retrato” voltasse para seu lugar de honra. Haroldo lobo e Marino Pinto inspiraram-se no fato e criaram a bem humorada marcha “Retrato do Velho”, gravada por Francisco Alves, numa interpretação alegre e descomprometida.

A marcha fez um sucesso estrondoso, foi premiada no concurso de músicas carnavalescas da Prefeitura e muito cantada nas ruas.

A Rainha do carnaval de 1951 e o Presidente Getúlio Vargas no baile do Theatro Municipal

Uma multidão tomou conta das ruas do Centro do Rio de Janeiro na posse de Getúlio Vargas, no dia 31 de janeiro de 1951, no Palácio Tiradentes. Após a cerimônia, segundo o jornal Correio da Manhã, a multidão se dispersou levando alegria a todos os cantos da cidade entoando a marcha “Retrato do Velho”.

A Revista do Rádio, de fevereiro de 1951, destacou o sucesso de “Retrato do Velho” nos bailes de carnaval:
Nos bailes, notadamente, imperou a marchinha de Haroldo Lobo e Marino Pinto. Principalmente no “Theatro Municipal”, onde a presença do Presidente da República, sempre cordial, serviu para aumentar o entusiasmo, ali comparecendo e cumprimentando a rainha do carnaval, Leonora Amar. Getúlio, está claro, gostou da melodia. E o povo, numa retribuição À satisfação do presidente, cantou-a até o fim da festa.

A composição foi destaque também nos Estados Unidos e ganhou uma letra em inglês. A edição de 29 de janeiro de 1951 do semanário norte-americano de notícias Time, único a circular em todas as partes do mundo, comentou a volta de Getúlio Vargas à Presidência do Brasil e o aparecimento de um novo “samba” que estava na preferência dos foliões do período pré-carnavalesco.