Luiz Jatobá
Vozes que marcaram época
Por Patrícia Rodrigues
Londres – O acordo concluído entre a Inglaterra e a Alemanha em 18 de julho último provocou protestos por parte da França e determinou novas negociações entre as duas nações. As negociações foram suspensas, segundo anunciam os telegramas de ontem, mas serão reatadas no começo da próxima semana.
Essa foi a primeira notícia do jornal falado da PRF-4 Rádio Jornal do Brasil, que foi ao ar, ainda em fase experimental, às 7 horas da manhã do dia 10 de agosto de 1935. O locutor, ou melhor, o speaker era Luiz Jatobá.
Nascido em Maceió – AL no dia cinco de janeiro de 1915, Luiz Trimegisto Jatobá mudou-se para o Rio de Janeiro com a família ainda criança.
Foi através de um anúncio no Jornal do Brasil que Luiz Jatobá chegou até o rádio. O jornal anunciava um concurso para selecionar que iria selecionar um speaker para a nova emissora. Ele decidiu participar do concurso, disputou a vaga com mais de duzentos candidatos e tornou-se uma das maiores vozes do rádio. Nessa época, tinha apenas 20 anos de idade e cursava o segundo ano da faculdade de medicina.
Jatobá foi contratado e permaneceu na Rádio Jornal do Brasil até outubro de 1938, quando foi para a Rádio Vera Cruz, onde tornou-se chefe dos locutores. No ano seguinte, foi contratado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Getúlio Vargas para apresentar a “Hora do Brasil”.
Ao mesmo tempo em que atuava como locutor radiofônico, Luiz Jatobá narrava documentários cinematográficos produzidos pela Atlântida Cinematográfica.
Considerado um dos melhores speakers brasileiros, Luiz Jatobá era muito admirado por sua voz clara e forte. Narrava com desembaraço e segurança.
Em julho de 1940, embarcou para os Estados Unidos afim de assumir o comando do programa em português da Columbia Broadcasting System. Sua voz passou a ser ouvida nos jornais falados da Fox, da Paramount e da Metro e em traillers de filmes.
Mesmo fora do país, Luiz Jatobá fazia questão de não perder o contato com o seu público. Além dos traillers da Metro, ele fazia, diretamente de Nova York, o programa de cinco minutos “São coisas da vida”, que ia ao ar pela Nacional. Também apresentava diariamente, às 21h30, a crônica “O nome do dia”.
De volta ao Brasil, foi contratado pela Rádio Tupi. A estreia foi em junho de 1950 com o programa “Será que você é assim?”, produzido por J. Rui. Na emissora apresentou também “Crônica do Mundo”, de José Mauro e Haroldo Barbosa. Em setembro do mesmo ano, assumiu a direção artística da primeira emissora de TV do Brasil, a Tupi de São Paulo. Em janeiro do ano seguinte, quando foi inaugurada a TV Tupi do Rio de Janeiro, foi convidado para apresentar o primeiro telejornal da emissora.
Em 1952, foi para a Rádio Mayrink Veiga, onde apresentou um programa de variedades chamado “Vai da Valsa”, além das crônicas “São coisas da vida” e “Páginas cariocas”, escritas por Haroldo Barbosa e Antônio Maria.
Na década de 60, atuou em diversas emissoras de TV. Foi o narrador do programa “O feijão e o sonho”, em 1961, na TV Rio. Em 1963, assumiu a direção de jornalismo da TV Excelsior. Foi apresentador da TV Globo e da TV Continental.
Voltou para os Estados Unidos no início da década de 70, onde voltou a trabalhar na CBS. Em 1971, junto com Hilton Gomes, apresentou direto de Washington, o programa Globo Especial.
Em 1975, voltou ao Brasil para as comemorações de seus 40 anos de carreira. Na ocasião, recebeu o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro.
Luiz Jatobá faleceu em dezembro de 1982,a os 68 anos de idade, após complicações de uma cirurgia na coluna vertebral.